sábado, 30 de janeiro de 2010

RECADO

Vou passar uns dias fora de Porto Alegre, e retorno ao blog e aos poemas na quarta, dia 03.
Até lá!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

ÉLVIO VARGAS EM DOIS POEMAS

Adoro a poesia do alegretense Élvio Vargas, que participou da 3ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL.
Élvio tem dois livros publicados: "O almanaque das estações", de 1993, e "Água do sonho", de
2007.
Do primeiro, leiam,


SEM REPRISE

Quando eu me convoco
alista-se em mim este tempo trêmulo de noites repassadas
eu não me repriso
sou sempre assim
este elevador sem sobrenome instalado nos prédios de
tua intimidade
sonho nu no rodapé da tua notícia
eu não me repriso
sou sempre assim
este desejo classificado no anúncio dos ventos
o tombadilho de teu último navio ancorado na maresia
do meu olhar
hoje
sou estas pegadas de louça na cristaleira frágil da tua
memória
pandorga cega debruçada nos esconderijos da lua
sou assim
viu!!!


Do livro "Água do sonho", o poema que considero dos mais bonitos que li nos últimos tempos:

PROFANA

Lentamente dissipou-se o véu
vencido pelo clarão da manhã.
Os meus reinos ardiam em chamas
palácios, coxias, cocheiras
mergulharam à mercê dos saques.
Um vento nervoso, ofegante
lambia a rosa do seio
eu me exibia
navegando nua
nas profundezas do espelho
abissal, abissínio, abismal.
O centurião das sombras
penetrava-me
e um fogo úmido escorria
pelos súditos das minhas carnes.
Trêmula a barriga da perna
soçobrava
sobre a leveza dos lençóis.
Ventre, púbis, ilíacos
rodopiavam aguados
no pântano morno das secreções.
Os brancos continentes da pele
derretiam-se
ao leve toque da labareda.
Meus orifícios sucumbiam
esvaídos de orgias e pelos.
As coxas torneadas comprimiam
o feroz exercício do desejo.
Uma corte toda rezava
e os súcubos aplaudiam.
A igreja e o santo ofício
queimavam gravetos e lenhas
não vim para ser Maria
Joana, Ifigênia
deixarei apenas vestígios
de profana...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

LITERATURA

Acabo de recomendar à minha amiga Maria Helena Martins, o livro "A chave de casa", de Tatiana Salem Levy. É memória transformada em literatura. E que literatura!
Na orelha, a escritora Cíntia Moscovich diz: "...Escritora refinada, capaz de frases torneadas com precisão e de cortes e elipses nunca menos que exatos, o romance seduz pelo apelo sensorial, pela extrema competência narrativa e, em especial, por um alto sentido de humanidade".
Com este livro, Tatiana recebeu o Prêmio São Paulo de Literatura, em 2008, como melhor livro de autor estreante, e o Prêmio Jabuti, também em 2008.
Boa leitura garantida!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Futuro do sarau

Tem gente me perguntando sobre o futuro do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, já que estou mostrando, no blog, poetas que já passaram por ele.
Pois bem, a última edição aconteceu no dia 02 de dezembro de 2009, no Chairs Resto Lounge, com o poeta Rodrigo Garcia Lopes. Agora, em janeiro e fevereiro, o sarau e eu estamos de férias. Mas, voltaremos no final de março, com total energia. Já tenho alguns poetas convidados, como a própria Liana Timm, para mostrarmos poemas de seu novo livro, ÁGUA PASSANTE, os poetas Ana Mariano e Renato de Mattos Motta. Aguardem, portanto,o convite para a 15ª edição. Enquanto isso, continuem se deleitando com um pouco da poesia que passou por lá.

A poesia de Liana Timm


Na 2ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, em agosto de 2008, minha convidada foi a poeta e artista multimídia Liana Timm.
Aí vai um dos poemas lidos no sarau, do livro "Trilogia do Indizível":

PRAZERES DO OLHAR

Aveludar a alma
é permitir pelo olhar
o sorver sem aflições
de itinerâncias.

É parte do prazer maçã
carmim carne e osso,
fragrância onipresente de interiores
mais adiante

Aqui
é onde se revelam testemunhas
dessa pele mesmo
sobre outra pele

mapa mundi do indizível



A Liana acaba de lançar mais um livro de poesia, pela Território das Artes Editora.
Chama-se ÁGUA PASSANTE, e dele escolhi para mostrar aqui, o poema,

GATO

o amor é como um gato
comedido
seduz ronronando
armadilha bote
aconchego mito

por isso desperta
grito



segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

MAIS POESIA


SARAU DO RENATO II


CORREÇÃO: O sarau do Renato se chama POESIA.COM!!! Bem mais bonito, não é?

SARAU DO RENATO

O poeta e meu amigo Renato de Mattos Motta recebe hoje em seu sarau, chamado SARAU.COM,
as poetas Liana Marques e Ana Beise. É por volta das 21hs, lá no 512, charmoso bar da João Alfredo, cujo nome já fala do endereço. Vamos até lá conferir?

MAIS POESIA

E, do poeta Ademir Assunção, no livro "Zona Branca":

TALVEZ A LOUCURA MANDE UM CARTÃO POSTAL

perfeitos estranhos
pássaro com asas incendiadas

sim, chegamos à beira do penhasco
cego sem asa-delta

salto no riacho de uísque e cubos de gelo

leões famintos no zoológico urbano
mordem as próprias orelhas

não, ninguém responde a campainha
fantasma com guizos

apago todos os arquivos do cérebro

jatos explodem nas janelas dos edifícios
kiwis embolorados na porta da geladeira

talvez uma estrela caia dentro do copo
talvez a Loucura mande um cartão postal

bombons e duas garrafas de licor de damasco



Falando, agora, de cinema, há vários filmes passando em Porto Alegre, dos quais gostei muito: PARTIR, de Catherine Corsini, francesa, com a excelente Kristin Scott Thomas; SHERLOCK HOLMES,nova versão dos personagens de Sir Arthur Conan Doyle, filmado por Guy Ritchie, e CHÉRI, de Stephens Frears, com Michelle Pfeiffer. Valem a pena!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Pra começar este blog, e terminar esta bela tarde de domingo, falo de poesia.
Criei, em julho de 2008, o SARAU LITERÁRIO ZONA SUL. De lá pra cá, já realizei 14 edições do sarau. Então, um de meus objetivos neste blog, é divulgar o trabalho dos poetas que participaram de meu sarau, mesmo objetivo que tenho no próprio sarau.

Pretendo, ao longo do tempo, mostrar exemplos de poemas que foram lidos durantes essas 14 edições.

Inicio com o poeta que estreou o SARAU LITERÁRIO ZONA SUL. Aliás, foram 2 poetas: Rodrigo Garcia Lopes, paranaense, e Ademir Assunção, paulista.

Do Rodrigo, no livro "Nômada":

EM AMOUR

Ainda vai haver tempo bastante
Pra ver nuvens abrirem suas pálpebras
Curtir seu gesto e seu instante
Intacto, como um milagre.

Seu olhar gritando nunca pare -
Tarde sem alarme falso, susto ou s.o.s.
Ouço no escuro você e insetos escuto
Cavando seu resto de futuro.

O corredor é longo e sem estrelas
E a gana me nina em seu vácuo.
Quanto mais recuo, mais me aproximo,
Quanto mais erro, mais rimos.
Quem sabe o efeito que isso tem:
Quando, quanto, onde, quem.


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